"O paraíso não é um estado de espírito. É um lugar. Se você der dois passos pra fora, está fora; se der dois passos pra dentro, está dentro. Uma vez lá dentro, você pode pisar à vontade na grama, pode dar cambalhotas, pode até se machucar dando cambalhotas, porque o chão não é de ectoplasma, não é de nenhuma espécie mística de fog, não é de gelatina amorfa; é matéria, pura e sólida e dura matéria. Mesmo os Anjos são matéria. Se você perguntar a eles se acreditam em algo que não seja matéria, eles vão rir da sua cara. Logo, eles não só são matéria, como são materialistas; e não só são materialistas, como são ateus."
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O que faria de Júlio Dapunt um ser diferente de todo o resto da humanidade? Diferente de todos os homens e mulheres nascidos desde as origens dos tempos, em todos os cantos da terra?
Para descobrir isso o narrador desta deslumbrante história é levado até o céu por um anjo de grandes asas coloridas.
"Mas, antes, o anjo que me carregava decidiu passar em casa para refrescar e tomar banho...
- E Deus? - perguntei à queima-roupa - Vocês têm notícias de Deus?
Ele fez uma cara que me pareceu, absurdamente, de nojo.
- Nunca vi mais gordo."
Mas talvez Júlio Dapunt, afinal, fosse Deus.
Por isso, é preciso ter cuidado.
"E sobretudo se você é muito jovem e decidiu que não vai mais prestar aquele vestibular para odonto ou direito ou engenharia mecatrônica, que vai ser um invocador de anjos ou um explorador de paraísos e infernos, não diga a ninguém que teve a idéia lendo isto..."