Na pequena cidade bósnia de Travnik, um dos bastiões do império Otomano no começo do século XIX, coabitam muçulmanos, cristãos e judeus. No ar sente-se uma tensão quase palpável não apenas devido aos conflitos religiosos mas sobretudo pela ameaça de guerra.
Napoleão está no poder em França e decide criar um consulado em Travnik. Jean Daville é o novo cônsul francês e personagem central deste romance extraordinário apontado pela crítica como a verdadeira obra-prima de Ivo Andrić. Mal recebido pelos habitantes de Travnik, Daville é considerado um homem fechado e impenetrável, e a sua convivência com o império Otomano é um constante choque de culturas e ideias. Passados alguns anos chega também à cidade um cônsul austríaco.
Andrić narra-nos com mestria o relacionamento entre ambos, as intrigas, as guerras, os amores e ódios. Os dois cônsules lutam nos bastidores pela realização das suas ambições pessoais perante os olhares desconfiados dos habitantes locais habituados às sucessivas ocupações e domínios sofridos ao longo de séculos.
«A crónica de Travnik» é um romance sobre os fanatismos políticos e religiosos e as mesquinhas rivalidades entre os povos. Uma obra profunda que traça a efemeridade dos impérios e ambições humanas.