A dinâmica da violência juvenil

Nildo Viana não é um escritor de meias palavras, contundente em suas afirmações tenta provocar seus leitores instigando-os a reverem concepções que se impõem a todos nós através das instituições, das ciências, da mídia, dos valores que fundamentam a existência da sociedade capitalista.

Ao chamar a nossa atenção para a forma como naturalizamos o fenômeno da violência, o autor nos brinda com uma breve e excelente abordagem de concepções ideológicas inspiradas na psicanálise, na etologia e na filosofia. Discute teses que corroboram a idéia da existência de uma essência humana violenta, e que só pode ser contida ou por punições capazes de possibilitar a vida em sociedade, ou considerando os conflitos como um mecanismo regulador da sociedade, uma vez que os sentimentos humanos de hostilidade e repulsão redefinem e adaptam as desordens a novas situações. Os referenciais teóricos que se contrapõem a esses trabalhos indicam, segundo Viana, a necessidade de se ultrapassar as concepções ideológicas da violência porque elas apresentariam uma “inversão da realidade, uma sistematização de uma falsa consciência”.

Com o objetivo de buscar referenciais capazes de compreender a violência como um fenômeno sujeito a “múltiplas determinações”, Viana constrói uma definição geral, apresentando a violência como sendo “uma relação social de imposição” e, a partir desse conceito geral, procura entender os sentidos das manifestações específicas de violência, tais como, a violência urbana, escolar, laboral, criminal. Entre essas formas de violência o autor aprofundará o conceito de violência juvenil, não sem antes abordar as definições de juventude.
Aurea Guimarães