A era da escravidão

A era da escravidão Luciano Figueiredo (org.)


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A era da escravidão





Na busca de compreensão da História, tarefa das mais complexas é a percepção das estruturas que subjazem aos acontecimentos, et pour cause os explicam. Ou seja, no estudo da História, não é nada fácil captar os elementos permanentes e duradouros do processo histórico. Na análise do passado brasileiro, essa dificuldade se abranda, pois nele raras estruturas têm tamanha visibilidade quanto a escravidão. Quando nada, porque se trata de fenômeno que, essencial nos séculos anteriores, ressalvas à parte, não perdeu atualidade e relevância. É disso, e atentos a tal perspectiva, que tratam os textos que se seguem. Neles, contemplando fontes e tratamentos metodológicos que recentemente têm merecido maior atenção dos historiadores, variadas temáticas são analisadas.



O percurso se inicia pela abordagem de diversificadas formas de resistências, coletivas e individuais, à prática escravista no Brasil. Depois, uma bem ponderada e crítica interpretação conceitual e contextual sobre os quilombos. Em paralelo, saibamos mais sobre microssociedades camponesas formadas por negros. Se, embora predominante, a violência não é expressão única das relações sociais escravistas, há que saber de instrumentos legais disponíveis para a sua superação. Se, quanto aos escravos vindos da África, tudo começa com o tráfico – tema ainda em aberto -, há que identificar o fluxo linguístico por ele promovido e, por conseguinte, o multilinguismo que se instaura no Brasil, veículo de solidariedade, mas igualmente de resistência. Por outro lado, praticamente não se tendo expressado pela escrita, a linguagem dos negros, com indevida alteridade, ainda que impactante, manifesta-se nos versos dos brancos.



Ao mesmo tempo, cumpriria indagar: pode (e consegue) a fotografia retratar o universo mental dos escravos? A que vieram e como se expressavam as dezenas de jornais que, pouco depois do 13 de maio, compuseram vigorosa imprensa negra entre nós que, longe da subserviência, reivindica direitos, requer efetiva cidadania? Herança do período colonial, a escravidão nutre e confere longevidade ao Império. Vale dizer, dá sustentação à peculiar nobreza tropical, composta, sobretudo, de proprietários rurais.



História só se compreende – ainda que não apenas – por contrastação. Escravidão e Abolicionismo no Brasil têm percursos próprios, diferenciando-se, por exemplo, dos seus congêneres norte-americanos. Vivências de lá, não se aplicam cá. Porém, é preciso estar atento a inadvertidas transposições. Estes e outros mais e instigantes objetos-temas aguçam o nosso apetite para a leitura do denso, agradável e fecundo livrinho que temos nas mãos. A ela, pois!

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on 1/7/23


Livro muito interessante com recortes de textos publicados na revista de história da biblioteca nacional sobre a escravidão. Textos com linguagem simples produzidas por historiadores renomados do Brasil. Vale a pena leitura.... leia mais

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Eduardo
cadastrou em:
07/03/2010 01:58:45

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