A escola da reconquista reúne as memórias e as reflexões de Mestra Mayá em torno da luta travada junto ao seu povo para retornar ao território de seus ancestrais, lugar onde nasceu e de onde foi expulsa em sua infância.
Ela esteve em cada uma das 396 áreas retomadas pelos indígenas entre 1982 e 2012.
Os 54 mil hectares do território Caramuru Catarina Paraguassu, no sul da Bahia, estão hoje reconhecidos e demarcados.
Entre as lembranças dos massacres que arrancaram seu povo da terra, emerge a voz de dona Maria.
Em suas palavras e cantos, ganham contornos o sonho de sua mãe, retratada na capa do livro, e os sonhos de seus alunos – crianças, jovens e velhos que passaram por suas mãos num sem fim de escolas itinerantes feitas e refeitas durante o processo de luta.
Escutar os sonhos de quem veio antes, ouvir os Encantados e aprender com os povos em luta são os atos que fundam e sustentam sua prática pedagógica.
Ao contar a trajetória de como transformou-se em professora andarilha, dona Maria oferece palavras que fazem ecoar um modo de lutar e viver junto à terra.
Este livro, como ela mesma afirma ainda na introdução, é a prova de que “tem o índio ainda contando a história do que quer, como quer caminhar, como quer viver. Como quer estar nesse Brasil frustrado, arrasado. A gente ainda está aí”.
Política