O final do século 19 representou um momento de crise radical de paradigmas. Com a falência do modelo teórico tradicional e com a supressão de toda e qualquer possibilidade de alcançar de maneira pura os universais, uma série de elementos até então estruturais para o conhecimento e a apreensão da verdade caíram por terra. Noções como a coisa em si, a essência, a alma e o sujeito entre outras perderam a sua obviedade e passaram a se mostrar como passíveis de serem colocadas em questão.
Com isto, a existência e a concretude existencial que lhe é correlata passaram a desempenhar um papel central em todo um conjunto de reflexões determinantes para o modo de ser do pensamento contemporâneo. Tais dilemas e impasses, contudo, não permaneceram restritos ao campo da filosofia e da teoria do conhecimento, mas se estenderam muito mais desde o princípio para o interior das ciências humanas em geral e da psicologia em particular.
Assim, surge a pergunta: O que significa, afinal, levar a termo uma psicologia para além da subjetividade? Responder a essa pergunta é a tarefa primordial do presente trabalho, que procura se valer da tradição hermenêutico-fenomenológica como uma tradição capaz de reconciliar a existência para além do sujeito com a verdade da experiência própria de cada um. Assim, o presente livro segue uma vez mais a esteira de uma psicologia em foco, de uma psicologia que toma o foco fenomenológico como o elemento central de nossas experiências existenciais.
Filosofia / Psicologia