Do gênese ao apocalipse, com suas devidas subtramas involuntárias, a história do Garagem Hermética é dissecada em A Fantástica Fábrica (276 páginas, R$ 40 em média), saborosa biografia da lendária casa noturna de Porto Alegre. Durante oito anos, o 386 da Barros Cassal quase esquina com Independência pertenceu a Leo Felipe, um piá de 19 anos que tinha pela frente uma promissora (?) carreira de bancário quando decidiu abandonar o posto de operador de telex para abrir um bar. A família reprovou, os colegas de trabalho debocharam, mas Leo seguiu firme em sua inconsequência adolescente. Acabou erguendo um templo à esbórnia, à chalaça, um lugar onde as pessoas eram loucas e superchapadas, onde a essa altura da manhã já não importa o nosso bafo.