“Preto e branco são as cores da fotografia.” — Robert Frank.
“A fé da galinha diante do abate” apresenta pequenos textos cuja proposta é especular, imaginar e reinventar cenas congeladas no tempo, tal como fotografias documentais registradas por mestres da arte*.
O livro oferece oitenta e quatro micro-histórias que convidam o leitor a exercer o papel de observador ativo de imagens cotidianas ou absurdas, viajando entre diferentes épocas e lugares para testemunhar situações reveladoras da condição humana: a miséria, a esperança, a violência, a solidariedade, a fome, a futilidade, a religião, a descrença, a tristeza, a alegria, a morte, a vida.
Breves recortes da existência, como o da moça que, em visita à exposição de arte, compara seus seios aos da jovem modelo de uma pintura; o das mulheres e crianças, todas negras, que erguem suas mãos ao céu devido a uma chuva de pães baguetes; o da galinha que, obrigada a ler a Torá antes de ser abatida, mantém-se completamente impassível; o do homem que, todas as manhãs, passeia ao ar livre com seu cão a fim de inalarem a poluição; o dos bombeiros que se beijam na boca após controlarem um incêndio; entre muitos outros.
São narrativas, descrições ou reflexões de não mais que uma página, para serem lidas com um certo intervalo entre uma e outra, a fim de que o cérebro possa absorver e reconstruir todos os detalhes relevantes das cenas testemunhadas e guardá-los bem vivos na memória.
Em preto e branco, é claro.
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* Os textos contidos neste livro foram inspirados na obra de fotógrafos renomados, como Henri Cartier-Bresson, Abbas, Alex Webb, Robert Cappa, Brassaï, Dorothea Lange, Elliott Erwitt, Evandro Teixeira, Gary Winogrand, Robert Doisneau, Robert Frank, Weegee, além de inúmero outros.
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