A festa de Vargas (Coleção Identidade)

O ditador do Brasil decide dar uma grande festa comemorando seu aniversário e o da independência do país, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. É véspera, também, de uma guerra íntima e pessoal para uma mulher da alta sociedade do Rio de Janeiro.

“A festa de Vargas, a festa de Vargas, a festa de Vargas. O mundo pegando fogo e não se fala de outra coisa no Rio de Janeiro, pensou, um tanto irritada, enquanto girava o dial do rádio, à cata de outras notícias sobre a movimentação de tropas alemãs na Áustria e da guerra civil na Espanha. Encontrou uma transmissão em inglês, língua que compreendia mal, menos ainda em meio aos estalidos de estática das ondas curtas. Entendeu algo sobre aplausos para Hitler em Viena e bombardeio de Barcelona, apenas. Mexeu novamente no dial, procurando mais informações, quando o marido entrou na sala de estar.
Haroldo, por aqui a essa hora? Que surpresa.
Na semana seguinte ao bafafá da frustrada tentativa de integralistas de tomar dois batalhões de infantaria, inconformados com seu alijamento do poder no Estado Novo, e apenas alguns dias depois de tanques e tropas nazistas entrarem em Viena sob aclamação de milhares de austríacos, o assunto predominante no Rio de Janeiro era, e continuava sendo, o mesmo desde que os convites começaram a ser distribuídos. A festa de Vargas, a festa de Vargas, a festa de Vargas. (...)”

Este conto faz parte da Coleção Identidade. Saiba mais em www.amazon.com.br/colecaoidentidade

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