A Filha da Revolução

A Filha da Revolução John Reed


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A Filha da Revolução





As histórias deste livro são crônicas (esta é a melhor palavra?) que John Reed escreveu para publicações alternativas de seu tempo, num trabalho paralelo ao que fazia para a grande imprensa.



“Mesmo quando os cofres dos magnatas do jornalismo se abriram para ele e seu nome era famoso em todo o país, Jack Reed sempre foi fiel à nossa pequena revista revolucionária, que não pagava nada e não tinha mais que dez mil leitores”, conta Max Eastman, na época editor do The Masses. “Ele nunca falhou em suas colaborações. Não importava onde estivesse, nunca deixou de nos enviar histórias melhores que aquelas que vendia para seus empregadores.”



O conto que dá nome a este livro é um exemplo da mistura de realidade e literatura, que fez alguém dizer que “se a vida de John Reed parece ficção, seus contos sempre são fatos”. Publicada pelo The Masses em fevereiro de 1915, “A filha da revolução” retrata a perplexidade de Reed e sua geração ante a brutalidade estúpida e tediosa da Primeira Guerra Mundial.



Sabe-se que Reed realmente freqüentou aquele pedaço de Paris durante a Guerra. O personagem chamado Fred é na verdade Fred Boyd, socialista inglês e amigo de Reed. Marcelle talvez não tenha existido antes, mas aparece tão viva neste conto que certamente passou a existir de fato depois.



A história seguinte, “O mundo perdido”, é impressionante pelo que tem de atual. O personagem Takits, um ex-militante comunista sérvio, transformado em soldado leal do exército nacionalista sérvio, mostra o quanto a História pode se repetir. Foi publicada em fevereiro de 1916 também pelo The Masses, mas soa como um retrato dos Bálcãs de hoje, perdidos em guerras e esquecimentos fatais.



Em abril, dois meses depois de “O mundo perdido”, o The Masses publicou “Noite na Broadway”. E no mês seguinte, “O capitalista”. Duas histórias em Nova York. Essa é a cidade de Reed. Não a Nova York do Poder, mas a cidade dos vagabundos, prostitutas, mendigos e malandros. É dela que Reed fala também em “Onde o coração está”, “Outro caso de ingratidão”, “Um gosto de justiça” e “Ver é crer”. São algumas das histórias mais citadas por aqueles estudiosos que consideram Reed precursor de Norman Mailer, Hunter S. Thompson e Tom Wolfe.



“Mac, o americano” realmente existiu. Um sujeito a quem o escritor recorreu como auxílio para conseguir entrar nos sertões do México durante a Revolução de Villa e Zapata. A antipatia de Reed pelo companheiro é explícita. Se esse conto amarra-se com “Endymion” e “Retratos mexicanos” como descrição da marginália norte-americana na fronteira, amarra-se também a “Os direitos das pequenas nações” como retrato do “americano horrível”. Vemos aqui o avô daquele americano de camisa havaiana e óculos Rayban envolvido em negociatas sangrentas da United Fruits ou nas ações da CIA em defesa do “Mundo Livre”. Cínicos, corruptos, arrogantes e incapazes de ver qualquer beleza em algo que não seja uma América Branca idealizada, que só existe na TV. Reed até pode desprezar aristocratas decadentes como os personagens de “A coisa certa a fazer”, “Endymion” e “O chefe de família”, mas seu ódio sempre esteve reservado para os americanos tranqüilos de mãos sujas, como Mac e Frank.



O livro vai então à Rússia das vésperas da revolução bolchevique. Fala de soldados disputando cigarros, lama, esperanças e de um gentil pastor ortodoxo desempregado que perdeu suas ovelhas para a Revolução. Então chegamos em Chicago, num julgamento de militantes operários.



Paris, Bálcãs, Texas, Nova York, México, Rússia e Chicago. John Reed não seguiu o conselho de cantar sua aldeia para falar do Universo. Mas Reed falou de seu tempo, e assim falou de todos os tempos.



FONTE: http://www.conradeditora.com.br/hotsite/reed/prefacio.htm

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Juliana
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23/08/2009 11:59:25

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