Entenda-se por filosofia, aqui, seu sentido original, de amizade pelo saber. E por saber, o conhecimento existencial ou espiritual. Trata-se então de identificar certo conhecimento espiritual universal, que transcenderia épocas e culturas. Na síntese de Janine Ribeiro, que assina o prefácio, “a Filosofia Perene é um cerne comum a várias religiões e sociedades que nos permite superar os males deste mundo”. Nas palavras do próprio Huxley, trata-se da “metafísica que reconhece uma Realidade divina substancial para o mundo das coisas e para as vidas e mentes; a psicologia que descobre na alma algo semelhante a, ou mesmo idêntica à, Realidade divina”. O que leva a uma “ética que coloca o objetivo final do homem no terreno imanente de todos os seres”. Huxley busca, assim, um substrato comum aos múltiplos saberes religiosos e místicos, que seria o grande conhecimento a ser alcançado pelo homem, e produz no processo esta verdadeira antologia universal de tal saber. Com conhecimento enciclopédico, abarca então o conjunto das culturas conhecidas e da história escrita: “[A Filosofia Perene] foi primeiramente submetida à escrita há mais de 25 séculos e desde essa época o tema inesgotável tem sido tratado repetidamente, do ponto de vista de cada tradição religiosa e em todas as principais línguas da Ásia e da Europa. [Reuni] vários trechos escolhidos desses escritos”.
O resultado transcende a sucessão das partes. Pois se há tal conhecimento comum de uma Realidade última ou primeira, que unifica esses vários escritos, talvez ela seja de fato verdadeira; e se o for, a ética que ela sugere, baseada na libertação das exigências do ego, talvez seja de fato, como dizem os místicos, o grande caminho.
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