À flor da Terra:

À flor da Terra: Júlio César Medeiros da Silva Pereira


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O cemitério dos pretos novos no Rio de Janeiro




Durante a travessia do Atlântico, de trezentos a quinhentos escravos eram acorrentados em pequenos porões, com um metro e meio de altura, cujas paredes comportavam uma espécie de prateleira de madeira sobre a qual jaziam corpos negros. Aqueles que completavam a viagem, atacados por varíola e outras doenças, também morriam antes mesmo de serem vendidos. A “carga perdida” era habitualmente lançada nua (envolta em esteiras), em lugares sem covas, sem caixões, e coberta apenas por um pouco de terra. No caso do Rio de Janeiro (fins do século XVIII e início do XIX), o principal cemitério da região para sepultamento dos pretos novos se encontrava na área do Valongo, trecho que vai da Prainha à Gamboa. Hoje, pleno centro da cidade. Segundo o relato do viajante G. F. Freireyss em 1814, “no meio deste espaço [de 50 braças] havia um monte de terra da qual, aqui e acolá, saíam restos de cadáveres descobertos pela chuva que tinha carregado a terra e ainda havia muitos cadáveres no chão que não tinham sido ainda enterrados”. O cemitério, neste livro, não é pensado, porém, como fim em si mesmo, e sim analisado a partir de múltiplas conexões: sua relação com o tráfico de escravos, a origem geográfica dos sepultados e a vivência dos que testemunharam o tratamento dado aos negros falecidos. Debruçado sobre documentos de arquivo, relatos de viajantes e estudos sobre a cultura da morte nas tradições católica e banto, o pesquisador Júlio César nos traz um trabalho instigante, cujo principal legado é chamar a atenção para uma história ainda pouco pensada: a violência praticada contra os escravos mortos recém-chegados ao Brasil.


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Um soco no estômago
on 4/8/22


A pesquisa de Julio Cesar lança luz sobre os detalhes mórbidos de um sistema que sustentou a côrte portuguesa desde antes de sua chegada ao Rio de Janeiro, trazendo dados de instituições que mantinham o controle sobre a entrada, compra, venda, morte e enterro daqueles que foram sequestrados de suas terras e cruzaram o Atlântico como a mercadoria que seria a base da economia e da nação brasileira. Se debruçar sobre o Cemitério dos Pretos Novos é mergulhar nos horrores da história negra,... leia mais

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17/02/2012 00:17:00

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