Este livro é o produto de um percurso que privilegiou a orientação psicanalítica para abordar a estrutura institucional, tendo elegido como ponto de partida a seguinte questão: quais os limites e as possibilidades da clínica e da teoria psicanalíticas ao nortearem o funcionamento de uma instituição?
Antes, porém, é preciso responder a algumas perguntas, balizas importantes na demarcação desse território: o que é uma instituição? Quais os mecanismos que orientam seu modo de funcionar? Quais os seus impasses?
Curiosamente, este trabalho começou com o “não saber o que fazer” em relação à manifestação da sexualidade infantil na escola: uma diretora da rede pública procurou a psicanalista Cristina Hoyer para que ela lhe ensinasse o que fazer com “aquilo” que insistia em aparecer, provocando mal-estar nos pais e professores.
A psicanalista entendeu que não se tratava de um mero convite para dar uma conferência ou um curso, mas sim um apelo para tirar de cena (recalcar) “aquilo”.
Assim, o transtorno provocado pela sexualidade em uma instituição de ensino levou ao rastreamento da função simbólica do pai na obra de Sigmund Freud e de Jacques Lacan. Valendo-se da articulação de conceitos freudianos e lacanianos, o trabalho aqui desenvolvido tem por objetivo a transmissão de uma experiência, tanto para psicanalistas quanto para os que pertencem a outras áreas de saber.