A Fúria de Calibã

A Fúria de Calibã Nelson Werneck Sodré


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A Fúria de Calibã


Memórias do Golpe de 64




O mais difícil não é perdoar à ditadura algumas de suas manifestações mais ostensivas e até mais típicas. O mais difícil será perdoar-lhe - se é que isso será possível, isto é, se é que as coisas se colocarão assim, em termos de ajustes de contas -, perdoar-lhes a infâmia. O mais triste, o mais amargo, o mais clamoroso foi, sem dúvida alguma, essa infâmia que, inserida em nossa vida, passou a acompanhar-nos, acercar-nos. Claro está que a ditadura não inventou a infâmia. Ela existiu sempre. Fazia parte da vida. Era inseparável da condição humana. Mas como acidente, como circunstância, como elemento acessório, de que se conhecia a vigência esporadicamente, aqui e ali. Era a exceção, que confirma a regra, o elemento isolado, que aparecia de quando em quando, e ficava marcado, como ferrete, gravado a fogo, manchando figuras ou episódios. A ditadura institucionalizou-a, sistematizou-a, oficializou-a. Era exceção; tornou-se regra gloriosa.

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Rodolfo
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27/07/2012 23:06:17

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