Autor de obras de enorme peso político na história recente da Argentina, Rodolfo Walsh (1927-1977) começou sua carreira literária no início dos anos 1950, sob clara influência de Jorge Luis Borges. São desse período os contos que abrem o presente volume e dão prova do fôlego do então jovem escritor; entre eles há joias como Os caçadores de lontras e Contos para jogadores.
A segunda parte do livro reúne todos os casos do delegado Laurenzi, publicados entre 1956 e 1964. Narrados no célebre Café Rivadavia - onde o escritor ouviu a frase que detonou a investigação de seu livro Operação massacre -, os relatos memorialísticos do delegado percorrem a geografia e a história do país, retomando a tradição do gênero policial argentino e ampliando seus limites.
O panorama se completa com a ficção madura de Walsh: aqui se desenvolve sua veia humorística, que atinge o auge no conto-título A máquina do bem e do mal, um impagável quadro da marginália portenha. Em 1964, o autor reescreve seu conto de estreia, As três noites de Isaías Bloom; essa segunda versão, mais ágil, dá uma medida do percurso desse notável narrador e mostra a que ponto, como afirma Ricardo Piglia no prefácio, "Walsh cultivava a álgebra da forma como um modo de assegurar a eficácia da ficção".
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