Esta novela representa mais uma tentativa de Dostoiévski em busca do êxito. Mas desta vez escolheu um caminho bem mais suave do que aquele por que se meteu quando encontrou o senhor Goliádkin e o seu respectivo duplo. E, aliás, quem sabe, apesar de toda a sua habilidade, talvez no fundo sentisse aquela dolorosa impressão de incompletude e de inautencidade que experimenta todo verdadeiro artista capaz de criar a sua obra, quando, ao procurar os seus caminhos, se reseolve, na fase da hesitação, a adotar os processos e a assimilar o espírito dos outros, a imitar... Porque esta novela, feita à maneira de Paulo de Kock, é qualquer coisa que está de muito longe afastada da seriedade, da profundidade e da tensão dramática das obras verdadeiramente dostoievskianas.
Com a leitura amena desta novela, alías de boa urdidura episódica, fará o leitor um pequeno descanso dos ambientes já dramáticos das novelas e contos anteriores, e pode muito bem acontecer que algumas vezes lhe assome aos lábios um sorriso ao ler as aventuras desse ciument e ridículo Ivan Andriéievitch.