A música sempre teve papel de destaque nas vidas privada e pública na Grécia antiga, constituindo um valor da maior importância na formação de seus cidadãos. Sem música, não há vida, proclamaria Eurípides. Embora fartamente alimentada por influências orientais, a produção musical helênica galgou um patamar em que sua experiência tornou-se a pauta de uma linguagem inteiramente original e própria. A tal ponto que, assim como na literatura, no teatro, na filosofia e nas artes plásticas, a teoria musical da Hélade antiga veio a ser fundamental para a estruturação da arte musical do Ocidente.
Embasada na sua tradição oral, em que a voz - o "como" e o "o quê" no cantar - tem o primado, seu impacto continua a ressoar ao longo da história da música, não só popular, e se faz ouvir até hoje em composições aparentadas com os entrechos entoados nos hinos e corais, ou nas canções dos aedos, os poetas músicos cantores errantes, que levavam o seu repertório até os mais distantes rincões do mundo helênico e, talvez, além de suas fronteiras, numa antecipação modelar do que fazem os pop stars hoje.