A história enriqueceu-se com temas e métodos que foi buscar às disciplinas vizinhas e também com o relativo esbatimento das separações disciplinares. Anexou metodologias das ciências sociais. Passou dum saber sobre "a nação" para um saber sonre "a sociedade". E soube absorver tudo isto sem nada abandonar: pedindo emprestado a todos os lados não se tornou dependente de nenhum credor, adquirindo uma infinita curiosidade e um enorme ecletismo metodológico. É desta situação que a história retira força e parece obter superioridade sobre as ciências sociais.
Como soube a história abraçar o espírito deste fim de século para fazer dele matéria dos seus estudos? Como continua a história a ser hoje instrumento privilegiado para compreender "o contemporâneo", para interpretar "o que vai acontecendo"?
François Furet faz precisamente neste livro o inventário crítico destas questões fundamentais. Um inventário que não é sistemático, que segue um itinerário um pouco caprihoso, ao acaso dos livros, das ocasiões e dos assuntos. Mistura a história da história ao exame da sua situação actual, e o comentário de alguns autores clássicos, como Boulainvilliers, Gibbon e Tocqueville, com reflexões sobre problemas contemporâneos.