O transe de que falam os poemas de Vera Lúcia de Oliveira não é o da tradicional ascese religiosa, ou de uma fuga pacificadora da realidade, mas, ao contrário, nasce da relação intensa com o vivido e se consolida no "olhar por baixo das raízes".
Essa visão atenta para os detalhes do cotidiano, para o que se esconde nas dobras da linguagem, para o interdito nas relações humanas, revela as sutilezas de uma dicção arrojada e questionadora das asperezas que nos prendem às circunstâncias do tempo histórico, tantas vezes brutal e mesquinho.