Um dos grandes méritos do clássico comentáro de Pierre Aubenque sobre 'A prudência em Aristóteles' é mostrar o elo entre a ética da prudência e a metafísica. O homem, parte de um mundo contingente, marcado por uma indeterminação essencial que jamais será superada por qualquer conhecimento humano, só pode guiar suas ações por regras meleáveis, adaptáveis às sinuosidades das circunstâncias, pois no mundo da contingência não há lugar para a rígida determinação científica da ação humana. Tal maleabilidade das regras não redunda, contudo, na inexistência de algum conhecimento a orientar nossas ações, apenas a norma da ação moral nao encontra mais seu modelo na contemplação de verdades eternas e imutáveis, à maneira platônica, mas no correto julgamento humano acerca do que é preciso fazer ou do que é preciso se abster.