A rainha da dança do ventre

O ruído das turbinas não incomodava os passageiros da classe especial daquele voo das British Airway. Olhando pela janela Dorothy Sanders tinha a impressão de que o aparelho descansava, imóvel e leve, sobre flocos de algodão. Adorava voar, adorava viajar.
Gostava da agitação, do movimento, do parar em parte alguma e estar em todos os lugares. Como jornalista de uma importante revista americana, tinha esse privilégio agora.
O mundo lhe parecia pequeno e ela o conhecia. Era estranha aquela sensação. Já visitara todos os continentes, conhecia todos os aeroportos famosos, mas estava absolutamente convicta de que nada vira.
Para uma garota nascida no interior do Oregon, já fora mais longe do que pudera imaginar, quando, debruçada na janela de sua casa, olhando as plantações, imaginava até onde ia aquele mundo. Na época ele lhe parecia pequeno, delimitado pelas colinas que cercavam a pequena fazenda. Á medida que foi vencendo etapas e distancias, mais e mais aquele mundo crescia e paradoxalmente, diminua. Quando as torres do World Trade Center foram postas abaixo e a guerra ao terrorismo fora declarada, mal sabia ela que de jornalista, passaria a ser a rainha de um harém, seduzida e seduzindo um homem totalmente diferente dela em todos os sentidos.
Um homem que a tornaria rainha, a Rainha da Dança do Ventre.