A restauração conservadora da filosofia

"É importante destacar que os estudos de Rodrigo Jurucê sobre 'as ideias filosóficas conservadoras no Brasil' era um objeto de estudo pouco investigado fora da 'escola culturalista' da história das ideias filosóficas no Brasil que tinham em Miguel Reale, Antonio Paim e Paulo Mercadante destacados representantes. Entretanto, apesar de sua relevância, da importância política e de formação política difusa e capilar desta escola, não existia ainda uma análise marxista desta corrente.

É no cenário de retomada dos estudos sobre as ideias filosóficas conservadoras no Brasil, que se insere os estudos desenvolvidos por Rodrigo Jurucê. E, aqui, é importante destacar outra aspecto importante deste livro: as suas investigações sobre intelectuais, revistas e instituições do pensamento conservador e da sua importância para a elaboração de um projeto hegemônico, se antecedem e são de alguma maneira, sobre estes objetos específicos, até então inéditas, no interior do pensamento marxista brasileiro.

O presente livro representa o resultado de um longo processo de pesquisa e maturação intelectual no qual o autor sistematiza estudos e pesquisas iniciados a mais de quinze anos. Caracteriza-se, também, por uma exaustiva pesquisa bibliográfica e de levantamento e seleção de fontes – vinte e cinco anos da Revista Brasileira de Filosofia e de artigos e obras de seu fundador Miguel Reale." (Pedro Leão da Costa Neto - UTP)

"O livro de Rodrigo Jurucê é um exercício historiográfico de grande fôlego sobre um fenômeno social de difícil apreensão e interpretação pelas ciências sociais: o processo de formulação, desenvolvimento e enraizamento das ideologias, sua transformação em força material capaz de dirigir a ação político-social das classes e seus representantes e sua capacidade de construir hegemonia. O objeto de Jurucê nesta pesquisa é a ideologia autocrática, forjada no período de consolidação da autocracia burguesa no Brasil entre os anos 1930 e o golpe de 1964, que ele define como uma revolução passiva, um aggiornamento que amalgamou e deu nova qualidade à concepções conservadoras e antipopulares de diversas origens e épocas, unificadas em torno da construção da ordem social burguesa e do combate ao mundo do trabalho e suas expressões políticas e ideológicas. Em sua avaliação neste processo ganham centralidade o Instituto Brasileiro de Filosofia da USP e a Revista Brasileira de Filosofia, dirigidos por Miguel Reale, conhecido intelectual orgânico das classes dominantes brasileiras. A partir do conceito de aparelho de hegemonia filosófico Jurucê avalia a inserção do IBF e da RBF na luta político-ideológica aglutinando intelectuais de diversos matizes, sistematizando suas idéias num complexo coerente e orgânico e não só combatendo os adversários ideológicos da esquerda nacionalista e socialista, mas assessorando a ação normativa estatal no sentido da regulação repressiva do conflito social e do não-reconhecimento das organizações do mundo do trabalho como sujeito político. Para além do evidente interesse acadêmico que desperta, o livro aqui apresentado é crucial para a compreensão do que ocorre no momento no país, quando a perspectiva autocrática, expressa em sua dimensão fascista, ganha considerável adesão popular e capacidade de mobilização." (David Maciel - UFG)

O autor:

O historiador Rodrigo Jurucê Mattos Gonçalves é professor do Mestrado em História da Universidade Estadual de Goiás. É autor do livro “História fetichista: o aparelho de hegemonia filosófico Instituto Brasileiro de Filosofia/Convivium (1964-1985)” (Anápolis: UEG, 2017). Em sua pesquisa de Pós-Doutorado investigou a cultura jurídica conservadora e o Instituto Brasileiro de Filosofia nos anos iniciais da Ditadura (1964-1968).

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