A Revolução Cultural chinesa é o mais importante acontecimento que ocorreu no mundo comunista depois da destalinização. Foi assunto do dia-a-dia, tratado em todos os jornais; fez correr a tinta nas revistas; deu origem a uma avalancha de confusos noticiários; irrompeu nas mãos de toda a gente sob a capa vermelha do 'Pequeno Livro de Mao'.
Convém sublinhar, no entanto, que se trata de um dos fenómenos contemporâneos mais obscuros, mais distantes da nossa sensibilidade e até incompreensível para os próprios peritos em assuntos políticos. Tudo neste fenômeno foi tratado, desde as tentativas de interpretação dos seus pormenores doutrinários até aos seus aspectos ideológicos - mas poucos comentadores "presenciaram" a Revolução Cultural chinesa.
Foi esta a principal preocupação de Alberto Moravia na sua mais que memorável visita à China: "ver" a Revolução, interpretá-la. decifrar o enigma das enormes estátuas de Mao, de gesso branco, rodeadas de flores, como se fossem estranhos altares de uma estranha religião.
Alberto Moravia, homem de esquerda e que nos últimos anos de vida foi deputado do PCI ao Parlamento Europeu, decidiu no verão de 1967 fazer uma visita ao extremo oriente e deteve-se algum tempo na República Popular da China, onde no ano anterior se iniciara a tão famosa "Revolução Cultural". Das impressões que colheu nessa visita surgiu esta obra que, analisada com o recuo que nos proporcionam cinco décadas, se afigura ainda hoje deveras uma obra impressionante.
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