A Revolução de Gutenberg

Após ter abordado a invenção do alfabeto no livro A História do Alfabeto, publicado pela Ediouro, John Man agora escreve sobre o que representou, na sua opinião, a segunda revolução no âmbito da comunicação humana- o surgimento da imprensa e suas conseqüências. A invenção da prensa, com seus tipos móveis, propiciou transformações radicais, tanto no plano cultural e técnico, com o desenvolvimento da ciência e da literatura, como no nível social, como, por exemplo, a transformação dos Estados em Nações. Man descreve, de modo detalhado, um quadro interessante do contexto turbulento da época, transmitindo ao leitor as condições que propiciaram a revolução, bem como os obstáculos que Gutenberg precisou transpor.



Em 1450, todos os livros da Europa ocidental eram copiados à mão e não totalizavam mais do que o acervo de uma única biblioteca moderna. Por volta de 1500, eles eram impressos e alcançaram milhões de exemplares. A imprensa possibilitou o desenvolvimento da ciência moderna e da literatura, e a elevação de estados a nações. Acarretou as maiores mudanças na cultura do homem desde a invenção do alfabeto. O responsável foi Johann Gutenberg, nascido em Mainz, Alemanha, em 1400. John Man explica como este gênio técnico, cuja pesquisa sobre a imprensa foi custeada por patrocinadores milionários, lutou contra um histórico de praga, mudanças religiosas drásticas e batalhas legais, a fim de revelar ao mundo sua invenção extraordinária.



A invenção de Gutenberg adubou o solo do qual brotaram a história moderna, a ciência, a literatura popular, a nação-estado-muito de tudo o que chamamos modernidade. Sua história é a de um gênio quase negado. Alguns registros a menos, e nós não estaríamos agora reverenciando a Bíblia de Gutenberg como sendo dele. Tudo o que poderíamos ter seriam os resultados: uma idéia que transformou o mundo, e um livro que está entre os mais surpreendentes objetos já criados, uma jóia de arte e tecnologia que surgiu inteiramente pronta, com uma perfeição acima de tudo o que seus propósitos exigiam.



Sobre o autor: John Man é historiador, especializado em estudos germânicos e história da ciência, com um grande interesse pela Mongólia. É autor da História do Alfabeto, sobre as raízes do alfabeto romano. Também escreveu Gabi: as Trilhas do Deserto e O Atlas do Ano 1000. Atualmente vive em Londres.