"Há alguns anos, apenas, se a gente falava de uma poesia, de uma poética negroafricana, olhavam para nós de um jeito estranho, até encabulado, como se estivéssemos alimentando invenciones populistas. Criações verbais que não fossem escritas e se enquadrassem no campo da litaretura ocidental europeia eram vistas como 'folclore', coisas paraliterárias, que serviriam no máximo para adornar obras de verdadeiros literatos. Mas as coisas mudam, sim, e vão continuar mudando: o mundo dá voltas - a roda do mundo gira, camará. Hoje, falamos tranquilamente das poéticas indígenas e africanas, e quem entende do riscado reconhece o poder e a sofisticação dessas linguagens". - Antonio Risério, poeta e antropólogo, no prefácio de "A Roda do Mundo".