Após a morte precoce de Michel Foucault em 1984, os herdeiros tiraram do limbo um conjunto de textos que esclarecem, aprofundam e expandem teses expostas pelo intelectual francês nas obras que ele publicou em vida. “A sociedade punitiva” (1973) foi composto a partir de um de seus célebres cursos no Collège de France e antecipa a inovadora teoria do poder formulada a partir de “Vigiar e punir” (1975).
A reflexão ao vivo favorece a experimentação com os argumentos, autoriza digressões e dá às ideias uma fluidez que não contradiz o rigor conceitual. No seminário apresentado em 1973, ele expõe, com o intuito de extrapolar, a prática disciplinar do enclausuramento, institucionalizada como punição à criminalidade e aos desvios da norma desde o fim do século 18.
Foucault demonstra a partir do exame histórico como essa forma de poder não foi imposta somente aos condenados. Sua eficácia confirmou-se no controle, muitas vezes imperceptível, das maneiras de viver, dos discursos, das intenções políticas e dos comportamentos sexuais de todos que se julgam livres.
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