A Televisão em Busca da Interatividade

O que se vê na tevê é de verdade?

Aberta, ou segmentada, a televisão -- assim no singular --, transformou-se numa usina capaz de processar ot empo em suas turbinas, transformando-o numa espécie de combustível para a vida, pelo menos no que a existência tem de demanda pelo imaginário, ou de realidade convertida em imagens, o que dá no mesmo. Tanto a realidade é editada de forma a parecer 'incrível', como a não-ficção é produzida de maneira a figurar como improvável, literalmente, no limite, ou para além dele, no sublime.

Entretanto, a tevê vem explorando um filão que está longe de dar sinais de esgotamento, composto por achados como Survivor, No Limite e Big Brother, ao mesmo tempo em que o "jornalismo" também se estabelece como uma modaliadde de show, um gênero que já foi chamado de showrnalismo (Jorge Arbex).

Realidade ficção na TV, porém, não são apenas maniqueísmo, mas uma intrincada construção, uma espécie de meta-realidade, ou seja, 'é real, mas é tão dramático que parece ficção'; ou 'é uma ficção, mas é tão verossimil que parece realidade'. Requerem, portanto, análise e decifração, fulcro de um trabalho de fôlego, como este, fundamentado e esclarecedor, tanto para o mundo acadêmico quanto para quem simplesmente quer entender este ainda obscuro objeto de reflexão chamado TV.

Este livro desvenda, por exemplo, os caminhos que levam um documentário a ganhar feições de antidocumentário, transformando-se num produto hibrido, do tiop docudrama, neologismo aproveitado pelas autoras, da mesma forma como verifica por que cenas "reais" adquirem uma dramaticidade somente vista na ficção, ainda que seja um atentado terrorista 'reportado' ao vivo.

Luiz Martins da Silva