A última Viagem do Malteza S: encalhe, ameaça ecológica, burocracia e mortes

Na madrugada de 26 de maio, sábado, inverno de 1979, um velho cargueiro avariado, de bandeira grega, de nome Malteza S, com 160 metros, de cor cinza, e com 29 tripulantes a bordo, de diversas nacionalidades, encalhou em águas do litoral sul do Brasil, precisamente na Praia do Gi, no município da Laguna, estado de Santa Catarina.
Sua carga era composta de 8.070 toneladas métricas de milho, a granel, distribuídas em cinco de seus seis porões.
Dias antes tinha zarpado do Porto de Rosário, na Argentina, com destino a Gênova, na Itália, com uma pequena parada no Rio de Janeiro, para reabastecimento.
O navio também estava provido de 348 TM de “Heavy Fuel Oil”, de 58,5 TM de óleo diesel e de 30.840 litros de óleo lubrificante.
Essa quantidade de óleo representou desde o primeiro momento o grande perigo, a ameaça ecológica se viesse a se derramar sobre as águas do oceano Atlântico, invadindo, por consequência, o sistema lagunar da região e poluindo todo um ecossistema.
Uma catástrofe de proporções inimagináveis que atingiria sócio-economicamente milhares de pessoas, além de comprometer toda uma cadeia alimentar.
A Marinha do Brasil prontamente atendeu o ocorrido. Mas a má vontade do comandante, empecilhos burocráticos e condições adversas da natureza, impediram o resgate da embarcação.
As negociações entre autoridades se arrastaram por dias e foram acompanhadas atentamente – e nervosamente – pela população, através de amplo noticiário, mesmo porque, à medida que o tempo passava, pequenas quantidades de milho e óleo surgiam nas areias da praia.
Nesse meio-tempo, estranhos acidentes aconteceram a bordo do navio e em seu entorno provocando a morte de sete pessoas.
Mortes que o povo atribuiu à maldição do Malteza S.