A Vida dos Insetos

As grandes tragédias costumam ter seus grandes cronistas. Victor Pelevin é o mais novo entre eles. Considerado o mais inquieto e brilhante escritor russo da atualidade, Pelevin descreve a derrocada do Império soviético de forma irônica e contundente.



A vida dos insetos, seu livro de estréia no Brasil, revela a Rússia pós-glasnost dos anos 90. Em 15 contos sutilmente interligados, Pelevin retrata os russos como homens reduzidos a insetos, cujo destino final é o calor de uma lâmpada ou o papel pega-moscas. Com furiosa imaginação e humor corrosivo, Pelevin mistura anarquicamente elementos humanos e entomológicos, criando um universo fantástico que resume os sentimentos de frustração e desespero dos russos. Uma Metamorfose satírica para o ano 2000.



Na primeira história, os russos Artur e Arnold recepcionam o americano Sam Sacker em um balneário decadente no Mar Negro e saem para beber. Sangue. Eles são mosquitos. Em outro conto, a jovem formiga Natacha resolve que vai deixar o formigueiro e se tornar uma mosca, para o desespero de sua mãe que tanto se sacrificou. Noutra, dois vaga-lumes filósofos discutem o sentido da vida, enquanto tentam escapar dos dentes de um morcego. E, finalmente, dois drogados descobrem que não passam de parasitas da maconha e morrem carburados dentro de um baseado. O sentido alegórico do livro sempre surpreende pela infinita imaginação e nonsense. As cenas de amor e sexo são antológicas.



Omon Ra, o primeiro livro deste jovem mestre do absurdo, foi saudado pela revista americana Spin como um dos melhores lançamentos do ano e a Time o classificou como um "Nabokov psicodélico para o cyberage". A lista de elogios não pára: a New Yorker o considerou "um dos melhores escritores europeus", o The Observer londrino diz que ele é um dos "vinte e um escritores para o século XXI". Por seu estilo satírico e fantástico, já foi comparado a Calvino, Bulgakov, Gogol, Phillip K. Dick e Joseph Heller.