"Senti-me perplexo diante de sua reação. O cumprimento inicial do correligionário demonstrava imensa fraternidade. Daí o desembaraço da conversa iniciada em pleno calçadão da praia.
- continua escrevendo romances, Zé Costa?
- Por enquanto só mais um! Sabe como é!... Aposentado que nada faz, se degrada bem depressa.
- Esse último será...
- O quarto!
Já?!... Como vai ser o título?
- A Vingança do Espírita.
Notei claramente aquela reação esquisita de criatura molestada. O silêncio posterior pareceu-me infinito. Tentou ser educado evitando qualquer comentário vocal. Na face, contudo, permanecera estampado o repúdio intenso àquela associação de "vingança" e "espírita". Felizmente afastou-se. Com um frio "tchau" incolor...
Os minutos continuaram em sua correria pelos caminhos do tempo. À noite, contudo, nos instantes costumeiros de meditação, senti a grande pergunta dirigida a meu íntimo:- Ser espírita implica em santificação?!... Ele não permanece criatura humana tentando vencer defeitos dos próprios sentimentos?! Quantas vezes, em cada qual, terá aflorado o desejo de se vingar?!...Mesmo vencido ou apenas silenciado, tal sentir espreita a todos lá por dentro, nas profundezas dos túmulos escuros da mente!..."
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