A cronologia do “ABCedário do Renascimento Italiano” começa em 1401, quando o escultor Lorenzo Guiberti ganha o concurso para a segunda porta do baptistério de Florença. Mas os historiadores, escreve-se na introdução, encaram com reservas o conceito de ruptura, encontrando inúmeros sinais precursores do renascimento antes do século XV.
Ainda assim, para a história da arte, é inegável que o século XV italiano esteve na origem de uma revolução: foi de facto na cidade de Florença dos anos 1400-1430 que apareceram modelos que renovaram completamente a arte e a prática artística. Coisas como a perspectiva geométrica ou o sistema de proporções, que durante os séculos seguintes iriam influenciar toda a arte ocidental. E foi contra as práticas anteriores que pintores, escultores e arquitectos trabalharam na esperança de rivalizar com os gregos e os romanos da Antiguidade Clássica. Uma das consequências será a alteração do estatuto social do artista, ficando para trás a confusão que se fazia com artesão na Idade Média. Por isso, a assinatura, prova da emancipação do artista, emerge durante o século XV e vulgariza-se no século XVI.
O escultor Donatello, o arquitecto Brunelleschi e o pintor Masaccio são tradicionalmente apresentados como os fundadores do renascimento florentino, sendo as datas das obras-primas, respectivamente, 1416 (“São Jorge”), 1420-36 (cúpula da catedral) e 1425-27 (frescos da capela Brancacci). Mas é impressionante a multidão de artistas e pensadores associados ao renascimento italiano. Nomes de primeiro plano e a que o “ABCedário” dedica cerca de 30 entradas: de Alberti a Veronese, passando por Botticelli, Cellini, Mantegna, Maquiavel, Leonardo, Piero della Francesca, Pontorno, Rafael, Miguel Ângelo, Palladio.
Quanto aos conceitos estão lá mais de 25: academia, citação, contrato, fresco, erotismo, humanismo, grutesco, maneirismo, neoplatonismo, perspectiva, retrato, paisagem... Leia-se o arranque de Humanismo: “Enquanto a teologia tinha sido a disciplina rainha das universidades medievais, o estudo do homem está no centro de todas as especulações teóricas dos pensadores do renascimento.” Ou em Paisagem: “A ‘Vista do Arno’, que Leonardo da Vinci desenha em 1473, seria a primeira paisagem independente da história da arte italiana”.
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