"O vento atravessa as manhãs. Espada solar. Aqui onde vivo ele nasce dentro da Serra-do-Mar e vem uivando sobre a cidade. Mas tem certos dias que ele cinzenta tudo. Enamora-se da chuva, e caem, caem, caem sobre casas, pessoas, carros, árvores. O vento veste de umidade a carne urbana. Em alguns crepúsculos desaparece. Palmeiras ficam estáticas, estarrecidas pela ausência de seu acarinhador. Nas madrugadas ele volta, amante sorrateiro, é possível ouvir as palmeiras gozando novamente"