Aias

Aias Sófocles


Compartilhe


Aias (Biblioteca Pólen)





Aias é o mais valoroso guerreiro grego depois de Aquiles. Quando Aquiles é morto em combate, Aias julga-se merecedor de suas armas. Foi ele quem defendeu o cadáver de Aquiles do assédio troiano. Mas os chefes da expedição concedem as armas a Odisseu. O herói, despojado de sua timé (honra), quer vingança e pretende trucidar os responsáveis – antes aliados – e agora inimigos. Segue, à noite, doloso, para as tendas aquéias. Age de acordo com a máxima heróica do “fazer bem aos amigos e mal aos inimigos”. A deusa Atena intervém e atira sobre seus olhos “imagens extraviadoras” (v. 52). Arrebatado por “demente doença” (v. 59), investe contra os rebanhos do exército, crendo massacrar os inimigos.


Por duas vezes, Aias ofendera os deuses. Quando parte para a guerra, seu pai o aconselha a triunfar sempre com a ajuda de uma divindade. Arrogante, alega que com os deuses qualquer um venceria. Ele deseja obter glória sem o auxílio divino. Mais tarde, quando Atena lhe oferece ajuda durante o combate, o herói a desdenha: que socorresse a outro, ele não precisaria dela. Atrai assim a ira divina: humano, Aias não pensa como mortal.


No início da peça, encontra-se ele em sua barraca a supliciar uma rês, que acredita ser Odisseu. O verdadeiro Odisseu espreita o local, rastreando vestígios do ocorrido. Atena vai ao seu encontro e confirma as suspeitas: era Aias o autor da carnificina. A deusa o chama para fora e ele é só desatino: vangloria-se de seus feitos. Quando sai de cena, ela pergunta ao protegido: “Vês, Odisseu, a força dos deuses quão grande é?” (v. 118). Atena sugerira ao herói que risse do inimigo (v. 79), outra máxima heróica. Ao contrário, Odisseu apieda-se de Aias, pois com ele compartilha a instável e precária condição humana. Conclui que nada mais somos do que fantasmas, sombras vãs (vv. 125-6). Atena o exorta a jamais ser soberbo com os deuses, “pois um só dia dobra e reergue de volta / tudo o que é humano...” (vv. 131-2). Os deuses amam os sensatos. Nada mais alheio à têmpera de Aias, herói que não transige e que levará às ultimas conseqüências sua grandeza e soberbia: ele pensa, fala e age como um deus.


Esta bela obra de Sófocles foi primorosamente traduzida e apresentada por Flávio Ribeiro de Oliveira. Sua versão revela fina e elaborada fidelidade ao original. A começar pela transliteração do nome do protagonista. Não é aleatória sua opção por Aias no lugar de Ájax. O próprio herói a justifica (vv. 430-33): seu nome ecoa a interjeição de dor (aiai, v. 430) com que inicia seu lamento (aiázein, v. 432); ecoa enfim seus males, numa perfeita simetria entre nome e destino. Prazeroso e inspirador é ler um trabalho cujo autor, além de ter vasta e firme formação literária e filológica, escreve sob a inspiração das Musas.

Drama / Ficção

Edições (2)

ver mais
Ajax
Aias

Similares

(19) ver mais
Filoctetes
Tragédias: A Loucura de Hércules | As Troianas | As Fenícias
O Renascimento
Ensaios de História

Resenhas para Aias (1)

ver mais
on 11/4/20


Aias (Ájax, em tradução usual) é a Tragédia mais antiga de Sófocles que chegou até nós, escrita quando o autor já possuía 52 anos. A maturidade do autor se apresenta plenamente em uma obra com forte apelo Ético-Moral. Aias é o segundo maior guerreiro do exército grego, sendo superado apenas por Aquiles. Após a morte deste, ao término da Guerra de Troia, Aias espera ser agraciado com os armamentos de Aquiles em reconhecimento ao seu papel ao longo das batalhas; Contudo, decidem entre... leia mais

Estatísticas

Desejam12
Trocam1
Avaliações 4.2 / 52
5
ranking 44
44%
4
ranking 38
38%
3
ranking 17
17%
2
ranking 0
0%
1
ranking 0
0%

59%

41%

Diego
cadastrou em:
01/06/2010 22:50:42
marcooscaioo
editou em:
10/09/2019 12:49:26

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR