Se o marxismo é simplesmente considerado por muitos como um pesadelo da história, sem maior significação, e que passará como passaram tantos outros movimentos, aparentemente populares, ou se representa o resultado de um longo processo, e com uma significação que ultrapassa a visão comum, ambas atitudes, tomadas sem um exame mais acurado dos fatos, podem ressentir-se ou de primarismo judicatório ou de uma excessiva valorização dos acontecimentos.
Ninguém pode desconhecer que o marxismo representa um papel importante, e atrai para si, de todos os setores,a atenção dos estudiosos, dos descontentes, dos propugnadores de uma nova ordem que ofereça ao homem um rumo melhor.
Examinar o marxismo com a máxima isenção de ânimo, evitando a influência das paixões que agitam a nossa época, analisar-lhe os fundamentos, premissas, postulados, sem deixar-se arrebatar pela paixão, reconhecemos, é difícil e raia até o impossível.
Somos sempre incapazes de fazer uma justa apreciação dos fatos que decorrem contemporaneamente conosco. E o marxismo, apesar de sua história já atravessar algumas gerações, ainda está muito vivo para que o possamos ver com a frieza com que vemos os fatos do passado, a realidade que revestem para nós, quando já alheios ao calor da sua agitação.
Por isso, reconhecemos que a tarefa que empreendemos neste livro é imensamente difícil, mas, como não tememos enfrentar dificuldades, pois ao contrário gostamos de tê-las para frente, procuraremos, sopitando quando possível o que mais intimamente pensamos, fazer a análise dialéticadessa doutrina sob alguns dos seus principais ângulos, com a maior isenção possível de ânimo, buscando libertarmo-nos dos esquemas em que as posições angulares se fundam, fazermos a análise decadialética, dentro dos dez planos e das seis providências, que tivemos ocasião de expor em "Lógica e dialética", há pouco publicado.
Filosofia / História Geral