Argumentação e ensino de ciências

Argumentação e ensino de ciências Silvania Sousa do Nascimento...


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Argumentação e ensino de ciências





Os estudos sobre a argumentação foram retomados na segunda metade do século XX, principalmente, com os trabalhos de Toulmin sobre a estrutura dos argumentos, os de Olbrechts-Tyteca que contribuíram para assimilar os termos retórica e argumentação, os de Ducrot sobre a argumentação inscrita na língua e os do próprio Plantin sobre a argumentação nas interações. A argumentação vem retomando o cenário de pesquisa como podemos perceber em recentes publicações (VAN EEMEREN et al. 2007; Walton et al. 2008 e BUTY e PLANTIN, 2009). No contexto do Ensino de Ciências, tal discussão vem ganhando corpo em diversos grupos de investigadores que buscam compreender a argumentação para além da retórica, do convencimento de uma audiência, mas como um objeto de aprendizagem. No decorrer desta obra, diferentes pesquisadores discutem o papel central da argumentação nas interações sociais de sala de aula, presenciais ou não, e as especificidades do argumentar em situações de ensino. Os diferentes níveis de escolarização são problematizados na perspectiva de atores sociais envolvidos em ensinar e aprender as Ciências. A diversidade e a riqueza dos dados empíricos, aqui apresentados, evidenciam a presença marcante da argumentação, enquanto abordagem analítica do processo de construção de conceitos científicos. A diversidade também está presente na forma de tratamento do corpus extenso e variado, que nessa obra, apresenta uma tipologia de formas de transcrições, registro em áudio e vídeo, notação de gestos e transcrição em suportes midiáticos como um fórum virtual. Dessa maneira, podemos destacar como a reflexão sobre a argumentação representa um desafio teórico de novas formas de interrogar situações educativas.



A argumentação é essencialmente a relação de um sujeito com o outro, presente fisicamente ou não, silencioso ou não, representado por uma pessoa, uma parte de si mesmo, uma instância virtual, ou seja, uma “voz” contraditória de onde emerge uma “questão”. Esse movimento discursivo, fundado na presença do “outro” é fundamental no processo de desenvolvimento do pensamento e da aprendizagem. Jean Piaget já destacava a evolução da fala egocêntrica na direção do outro como um necessário conflito representado pelo pensamento do diferente, como uma forma de desenvolvimento cognitivo. Já autores como Lev Vygotsky, Mikhail Bakthin, largamente citados nesse livro, indicaram que no desenvolvimento do pensamento científico existe uma anterioridade da interação social à relação com o “outro”. Dessa forma temos a alteridade como elemento fundamental na argumentação.



A contribuição dessa obra é a discussão central da natureza do discurso científico, não somente argumentativo em seu processo de embate entre as evidências empíricas e a comunidade dos especialistas, mas uma retórica particular que entra em sala de aula através da orquestração do professor.

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Marcio
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05/01/2013 14:54:21

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