Como autor de contos, Anton Pávlovitch Tchekhov (1860-1904) dispensa apresentações. É o autor russo que se tornou quase sinônimo do gênero e um dos seus grandes inovadores. Este brilhante e cruel “Ariadne”, publicado no número de dezembro de 1895 do periódico Rússkaia Misl (Pensamento Russo), e aqui traduzido pela primeira vez no Brasil, permite paralelos instigantes com outros contos “femininos” mais conhecidos, como “Ventoinha”, “Queridinha”, ou “A dama do cachorrinho”, traduzidos por Boris Schnaiderman. Sobre a arte do conto tchekhoviana, vale a pena ler Boris Schnaiderman: “Mesmo que não se consulte a biografia de Tchekhov, basta ler os seus contos e peças para comprovar que era um homem em dia com os problemas de seu tempo, alguém que vivia o momento histórico, social e psicológico de sua pátria. É verdade queafirmava ser necessário estar completamente frio no momento de escrever. Mas cada uma de suas histórias representa o resultado de uma longa elaboração. Havia uma vibração interior, que se transformava em equilíbrio antes de se transmitir para o papel” (“Tchekhov e o conto de atmosfera”, Última Hora, 26/6/1958). (Nota de Bruno Barretto Gomide)