Arquétipos sagrados

Bernardo compartilha aqui nestas Digressões, o seu método de prática artística. Nas suas palavras: “um jeito de fazer as coisas, que me auxilia a sentir que aquilo que faço no meu cotidiano tem sentido”. A partir da exposição e do projeto deste livro, a busca pelo sagrado por meio da arte espiritual continua e se intensifica ainda mais em sua prática artística, sobre tudo a partir do estudo dos trabalhos desenvolvidos neste campo por diferentes artistas e mestres budistas como: Kyabje DzongsarKhyentsebRinpoche, Chogyam Trungpa Rinpoche e Wassily Kandinsky. Em 2016, Bernardo organiza uma série de workshops de arte experimental e espiritual que seria o começo de um grande e auspicioso projeto de ensino de arte. Este livro, que seria usado como guia pelos alunos, hoje se transforma na semente e no registro do desejo do artista de que a arte seja um veículo para nos fazer livres. Talvez o uso indiscriminado da palavra “livre” nos afaste do seu significado puro, mas acredito que aqueles que mantêm o olhar atento e o coração aberto poderão sentir, para além da linguagem, o impulso irrefreável do Bernardo de liberar as correntes da vida ordinária e caminhar com leveza e elegância em direção ao sagrado inerente à existência humana e presente, ainda que velado, em nosso cotidiano. Certamente, agora ele se aventura por outros mundos, mas, antes de sua inesperada despedida, Bernardo teve a gentileza de nos deixar seu trabalho, um convite, uma dádiva, uma missão estendida para que esta vida não seja nada menos do que uma fantástica aventura. Com enorme gratidão, meu desejo é que este livro inspire e desperte, em todo aquele que desejar, uma faísca, um brilho, um som, que apontem para o lugar de vida não-ordinária da nossa verdadeira natureza.

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