Arte Como Jogo

O fazer artístico contemporâneo expandiu seu campo de possibilidades, adotando diferentes táticas rizomáticas de produção, inventando novas maneiras de criar por blocos, fazendo conexão de elementos heterogêneos, desmontagens de morfemas e sintaxe na poesia e da narrativa linear na literatura, incorporando o ruído e outras sonoridades como matéria-prima na música, por exemplo. Problematiza tudo, locais e maneiras de expor, materiais utilizados, corrompendo o valor de uso de um objeto, subtraindo-lhe a função útil para lhe dar um valor de experiência, fazê-lo funcionar de outra maneira, dentro de outras conexões, formando novas composições, o ready-made. Ou como quando se encontra um DESOBJETO, como Manoel de Barros. Com esse gesto de apropriação, o artista coloca a arte entre a aura e a reprodutibilidade técnica. Considerando que não haja modelo, não pode haver cisão entre original e cópias, portanto somente os simulacros existem, sendo estes por excelência a matéria e a própria obra. Sua poética envolve uma série de operações que podem se valer de vários meios, pondo a arte num movimento dialógico entre artista, matéria, espaço e público, proporcionando uma maior abertura ao acaso ao considerar a surpresa, a indeterminação e o risco como ingredientes, e mesmo, muitas vezes a obra vai acontecendo ao longo da apresentação ou exposição de maneira imprevista, incorporando o acaso e frequentemente o erro. Portanto, há uma ênfase no processo criativo, como a invenção de programas e procedimentos. Às vezes, a obra é o próprio procedimento ou a ideia, o conceito do procedimento, operando por E/NEM, por cut up e pick up, que manipulam, jogam com elementos móveis e intercambiáveis que vão produzindo ou encontrando ao longo do processo. A arte, então, adotou a prática de um jogo puro de recombinações o qual, pode-se dizer, tornou-se o paradigma de uma série de experimentações na arte contemporânea.

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