ARTEFILOSOFIA 5

ARTEFILOSOFIA 5

Compartilhe


ARTEFILOSOFIA 5


Julho de 2008




“O espaço espaça”. Esta frase tem estrutura homóloga à de ou-tra famosa frase de Heidegger: “o nada nadifi ca”. Carnap vituperou contra esta formulação, que caiu como uma luva ao ilustrar para-digmaticamente o que seria, dentro da concepção neo-positivista da linguagem, uma proposição carente de sentido. Desde então, a frase transformou-se num dos exemplos preferidos dos professores de ló-gica e de epistemologia, porque peca contra a sintaxe lógica da lin-guagem, sendo, pois, incapaz de projetar um modelo possível de con-catenação de objetos passível de atribuição de verdade ou falsidade. Mas o julgamento carnapiano parece não ter sensibilizado a recepção da obra de Heidegger, pelo menos dentro de outras tradições fi losófi -cas. Hoje, não pode haver dúvida de que Heidegger é uma das fi guras de proa da fi losofi a do século XX. Uma dentre tantas outras razões pelas quais isso ocorre é justamente porque ele fornece elementos para pensar fi losofi camente a arte e outros temas mais refratários ao discurso da ciência. Pois se as proposições heideggerianas carecem de sentido no interior do universo lógico-lingüístico próprio à ciência, disso não se segue que elas não abasteçam uma vertente importante que quer devolver ao pensamento a fecundidade da arte como lugar de manifestação da verdade. Pois a arte é, conforme a conclusão do texto de Heidegger publicado neste volume, “mais fi losófi ca que a ciência e mais rigorosa, ou seja, mais próxima da essência da coisa”.Neste número, inauguramos um novo momento na história da revista ARTEFILOSOFIA. Visando emprestar maior unidade temáti-ca a cada edição, dedicamos parte considerável do espaço a um dossiê Heidegger. Foi o professor Alexandre de Oliveira Ferreira quem pre-parou e apresentou o dossiê, que inclui uma tradução do artigo iné-dito do próprio Heidegger, Observações sobre Arte – Escultura – Espaço. O dossiê conta com a participação de alguns dos mais proeminentes estudiosos de Heidegger, como Ute Guzzoni, André Duarte, Ligia Saramago, Laura de Borba Moosburger e José Luiz Furtado.Mas a preparação do dossiê temático não inibiu o fl uxo da de-manda espontânea de textos oriundos de outras tradições de pesquisa, bastantes distintas da fi liação heideggeriana. Ao lado, pois, do dossiê Heidegger, publicamos também um segundo dossiê em tudo diverso do primeiro. Girando em torno da fi losofi a da arte de inspiração analítica e de problemas ligados à arte contemporânea, Noéli Ramne e Eduardo Coutinho analisam a obra de Arthur Danto, enquanto Guilherme Massara Rocha e Luzia Gontijo Rodrigues deslocam seu interesse em direção a questões relativas a obras contemporâneas, tendo Duchamp como campo gravitacional. Em seguida, publica-mos dois artigos que analisam a relação entre ética e estética a partir do referencial psicanalítico, privilegiando, um e outro, a tragédia e a comédia. Trata-se dos artigos de Bruno Almeida Guimarães e Laura Lustosa Rubião. No que concerne ao já tradicional espaço reservado pela revista Artefi losofi a à música e ao teatro, publicamos as contri-buições originais de Rita de Cássia Fucci Amato, Cristóbal Durán e Ricardo Bigi de Aquino.Para fi nalizar o volume, apresentamos o Caput I do poema Ale-manha, Um conto de inverno, com tradução e nota introdutória de Georg Wink e Romero Freitas.

Artes / Filosofia

Edições (1)

ver mais
ARTEFILOSOFIA 5

Similares


Estatísticas

Desejam
Informações não disponíveis
Trocam1
Avaliações 0 / 0
5
ranking 0
0%
4
ranking 0
0%
3
ranking 0
0%
2
ranking 0
0%
1
ranking 0
0%

0%

100%

Raíssa
cadastrou em:
24/01/2022 17:40:47
Raíssa
editou em:
24/01/2022 17:41:45