Em ritmo vertiginoso, de diálogos curtos e cortes cinematográficos, As armas de Aurora é um romance urbano denso e enxuto, que revela um autor surpreendentemente maduro para estréia em livro. O casal que transa sob os olhares do vizinho, voyeur consentido, o (falso?) estupro de Aurora (exímia sedutora, anjo/demônio), batem na clave do erotismo — mas é na agilidade da narrativa, na inquietação natural presente em cada um dos personagens (reflexo da cena urbana contemporânea), que o tom do romance melhor se define. Rio de Janeiro, Tijuca, Praça Saenz Peña. Poderia ser qualquer outra grande cidade. Paixões, conflitos, mentiras, jogos de cena. Homo-sapiens, virada de milênio. E a literatura brasileira está em alta, ainda que sejam poucos os leitores que percebam. As armas de Aurora é mais uma prova disto. Leitura imperdível.