A estória se passa em Praga, e o narrador é um bancário que trabalha no Banco do Estado. É casado, tem dois filhos menores, sua mulher, Eva, é professora. Até aí qualquer leitor pode pensar numa mensagem simples e até ingênua, porque "As cobaias" são estudadas, pesquisadas e experimentadas pelo narrador, Vachek, nome que também deu a seu filho mais velho. Mas o próprio narrador, falando inicialmente na primeira pessoa, depois na segunda, afirma que este livro devia ser mais uma novela policial que mesmo um livro de história natural. É o que o leitor distingue logo de início. As cobaias são um símbolo e servem, como outros animais, que estão vivendo o clima do romance, na pantomima, no diálogo e no monólogo, para um psicodrama. mas sobretudo é um estado d'alma.
O autor busca, no seu ceticismo sobre o partido comunista de seu país, uma forma de transcender e debater os terríveis problemas do mundo inteiro, de uma humanidade espremida e deteriorada pela angústia e pelo labirinto das políticas totalitárias.
André Breton fala de Ludvík Vaculík comparando-o a Joseph K, em "O processo", de Kafka, mostrando que "o socialismo, pelo menos na Tchecoslováquia de hoje, não eliminou os poderes obscuros que exercem seus curiosos malefícios nas diversas repartições públicas.
O livro é fascinante por sua determinação crítica, por sua verdade histórica e, principalmente, por seu movimento de escrita originalíssima. O leitor tem de penetrar e ir ao encontro do signo de sua linguagem.
Romance