Por muitos milênios as deusas foram cultuadas como criadoras de vida e do mundo. A sexualidade feminina estava repleta de poderes mágicos e a mulher reinou soberana até o momento em que o homem descobriu o papel masculino na fecundação. Gradativamente, a mulher perdeu seus direitos, seu poder, seu lugar. Mas será que o fascínio que a mulher exerceu sobre o homem durante tanto tempo foi substituído pelo desprezo?
As Deusas, as Bruxas e a Igreja mostra que, apesar da repulsa greco-romana e da judaico-cristã, a figura feminina jamais deixou de despertar admiração e medo e permaneceu no imaginário coletivo como a Grande mãe.
A autora Mariah Narazeth Alvim de Barros parte do Paleolítico e percorre diversas manifestações culturais e religiosas, considerando as heresias como práticas alternativas ao pensamento ortodoxo machista. A inquisição, por exemplo, estudada neste livro como um movimento de extermínio feminino, completa o texto permitindo-nos afirmar que as bruxas satânicas, tão temidas e perseguidas pela igreja, eram imagens das antigas deusas pagãs e da religião da Mãe, que ameaçava a religião do Pai, a do Filho e por extensão, a estrutura da Igreja.