Pai da modernidade, Charles Baudelaire é considerado um dos maiores poetas do século XIX.
As Flores do Mal é uma daquelas obras-primas inesgotáveis. Dentre os inúmeros temas presentes nessa obra estão: a teoria das correspondências, de influência de Emmanuel Swendenborg, o flagelo social, o conflito religioso, o feio e o belo, a estética da arte, e o Mal...
Baudelaire acreditava que a natureza humana é intrinsecamente má, pois somos fadados a fazer o mal. A própria arte, que parece ser a salvação, é obra desse mesmo Mal.
Através da poesia, Baudelaire vê o seu velho mundo em ruínas, engolido pelo Inferno da modernidade, e, ao mesmo tempo, sente o tédio, que não é indolência ou preguiça, mas a própria acídia: misto de torpor dos sentidos e sentimento de culpa, perante à destruição do belo.
O fim dos tempos, a ascensão do secularismo em detrimento da espiritualidade, servem como gatilho para sustentar a fuga espiritual (“fuga mundis”): a transcendência baudelairiana. É como se o pensamento ocidental fosse uma catedral ruindo, e o homem desgraçado, exilado da Graça Divina, procurasse o contato místico com o Céu ou o Inferno, assumindo sua condição de caído, expulso. Com isso, Baudelaire via que o progresso político e histórico suprimia a individualidade e a comunhão com o mistério. Eis a nostalgia da Dor.
Como um iconoclasta, o homem despedaçou mitos, substituindo-os por simulacros utópicos, como democracia, igualdade, etc. O satanismo de Baudelaire é um veículo mítico, por meio do qual ele projeta o drama da modernidade, tendo como protagonista o homem amargurado com sua natureza intrinsecamente má, iludido de sua ciência, caído e expulso do Paraíso, tendo de conviver com o tédio e a desesperança em um mundo secularista.
Eis a importância desta obra-prima para a compreensão de nossas misérias e esperanças.
Poemas, poesias