Os brasileiros enfrentaram uma longa jornada de batalhas por independência. Dos ataques da Coroa Portuguesa às aldeias do litoral e de Minas Gerais aos movimentos populares na Amazônia contra a ocupação estrangeira, o processo de construção de um Estado nacional teve a presença decisiva de indígenas, negros, europeus, ciganos, árabes, judeus e mestiços. Lançado no ano em que se comemora o bicentenário do famoso “Grito do Ipiranga”, este brilhante ensaio descreve mais de uma centena de embates de pequenas e grandes proporções ocorridos entre 1808, com a chegada da família real, e o início dos anos 1850, quando grupos nativistas ainda lutavam na Amazônia contra o poder econômico português.
As ações de José Bonifácio e dos príncipes Dom Pedro e Dona Leopoldina contra Lisboa se inseriram num amplo mosaico de guerrilhas por uma independência que foi muito além da busca pela autonomia política e econômica, envolvendo a defesa da liberdade de pensamento e mesmo do direito sobre o próprio corpo físico, no caso dos povos escravizados. O fim de uma disputa era o início de outra. Demandas por igualdade motivavam homens, mulheres e crianças a viverem batalhas contínuas, numa guerra cíclica, sob o comando simbólico de uma figura real ou imaginária. Conflitos assimétricos ou de forças equivalentes envolveram grupos marginalizados, elites regionais e entidades políticas em situações desiguais. A partir dali, a guerra seria sempre o momento em que os brasileiros – de sangue ou opção, de diferentes classes do novo país – compartilhariam a aventura e a tragédia.
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