As Primeiras Sombras

Estes contos são muito mais do que sombrios: estão repletos dos mais misteriosos desejos e acontecimentos. Por estas linhas correm tramas de vingança, paixões arrebatadoras e mortais, sangue quente e decisões precipitadas. Ao lado disso, estão histórias que levam a um universo quase sobrenatural, às vezes melancólico, às vezes esperançoso. Com crueza e sem sentimentalismo, Dalva Vieira parece dizer que o ser humano até é capaz de bondade, desde que vá um pouco além do humano.

"Protagonistas ou testemunhas de intrigas em que a perdição muitas vezes está anunciada desde o início, as personagens de As primeiras sombras contam suas desventuras a um leitor fisgado pela grande armadilha das narrativas de mistério: a sede por saber o que vai acontecer a seguir. No livro de estreia de Dalva Vieira, o suspense nos persegue muitas vezes até o fim da leitura, que convida a imaginação a preencher o que vem depois do ponto final.
Ao longo dos contos, se descortina um panorama de temáticas e figuras conhecidas dos gêneros literários que flertam com o suspense. Não falta espaço para crimes, tramas policialescas, intrigas e vinganças, mentiras, seduções e ganâncias variadas, nem para maldições e dramas sobrenaturais, com direito a objetos mágicos como espelhos enfeitiçados, soros da juventude, potes de ouro no fim do arco-íris e quadros aprisionadores daqueles que os fitam. A autora mostra seu repertório apaixonado pelas histórias de causar tensão e surpresa, evocando motivos de Guy de Maupassant a Agatha Christie. Percorre-se tanto o sobrenatural quanto os desastres mundanos, frutos dos desejos desordenados dos homens.
São homens e mulheres que ardem. Motivadas por desejos assombrados, as personagens realizam suas buscas com resultados dramáticos. Ao mesmo tempo, quiçá conscientes das brutalidades do coração humano, não se debatem contra o destino. Relatam-no. Ao leitor, cabe acompanhar essas vozes que remontam aos primórdios do conto e da fantasia, com suas rodas de histórias em torno do fogo, e de nossa curiosidade."
Moema Vilela.

Contos / Literatura Brasileira