São nos períodos mais turvos da história que a arte mostra todo seu vigor, importância e resiliência. Ao narrar a trajetória de um cidadão preso, torturado e humilhado por supostamente escrever cartas ofendendo o presidente, Sérgio Schaefer nos faz lembrar o quão perto estamos, no presente momento pelo qual passa o país, de um Estado e de um Judiciário com poderes absolutos sobre o cidadão. Não espere o leitor, porém, um texto panfletário, repleto de discursos e acusações. É pela ironia, pela malemolência da linguagem, pela quase naturalidade com que as cenas são construídas que se faz a alegoria. Afinal, a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.
Literatura Brasileira