ASHERAH

As novas pesquisas revelam que por volta do século X.a.C, Javé era um Deus dentre vários outros. As escavações arqueológicas mostram com definitiva clareza que no cotidiano do povo de Israel prestava-se culto a vários deuses e deusas. Entre eles e elas, a preferência recaía sobre os deuses da fertilidade, como Baal e suas consortes Asherah e Astarte.
No sítio arqueológico de Kuntillet 'Ajrud foram encontrados fragmentos de cerâmica da metade do século VIII com desenhos que fazem referência explícita a Samaria. Em um dos fragmentos podemos ler: "... a benção de Javé da Samaria e sua Asherah". A respeito de um dos desenhos encontrados nesse sítio, Kaeffer (2015, p. 61) afirma que "Jav está representado num desenho em forma de touro com a genitália em destaque. Ao lado está outro desenho representando Aserá". As pesquisas de Finkelstein (2015, p. 179) ratificam essa compreensão: "O culto enm Kuntillet 'Ajrud parece ter sido dedicado a YHWH de Tem , que é YHWH das zonas áridas do Sul, e Aserá"
Corroborando com esta compreensão ao culto ao casal Javé e Asherah, no templo javista de Arad foram encontradas duas estelas, uma maior (masculina) e outra menor (feminina). Na frente de ambos dois pequenos altares para queimar o incenso. Kaefer (2012, p. 33) ressalta que tal evidência indica um culto a Javé e Asherah, que continuou, até o final do séc. VII.
Se, de fato, encontramos os redatores bíblicos criticando os reis que teriam favorecido a veneração da Deusa Asherah, não resta dúvida de que, até o fim do século VIl a.C., o culto à Deusa representava um papel importante. Asherah era, provavelmente, associada a Yhwh, no templo de Jerusalém, via uma estátua colocada ao lado da sua.
O culto a Asherah não estava restrito à zona rural. Também se encontrou uma fórmula falando de Yhwh e sua Asherah no tempo da monarquia, florescendo em Jerusalem até mesmo no período monárquico tardio. Finkelstein (2018, p. 248) enfatiza que "as condenações de vários profetas judaítas deixam muito claro que Yhwh foi cultuado em Jerusalém junto com outras divindades, como Baal, Asherah, as forças celestes e até as divindades dos países vizinhos". “Asherah, a Deusa de Israel" procura, a partir de múltiplas abordagens, apresentar a Deusa e sua importância na construção do imaginário religioso tanto do Antigo Testamento quanto de hoje.


Nas diversas narrativas contidas nas páginas do Antigo Testamento, há algumas personagens que passam despercebidas. Entre elas podemos destacar Asherah, divindade adorada em alguns períodos em Israel, citada por mais de 40 vezes nas páginas do Antigo Testamento, mas por vícios de tradução teve seu nome próprio alterado na língua portuguesa. Outra personagem enigmática é Lilith, a primeira mulher criada segundo a tradição judaica e citada pelo profeta Isaías, passa também muitas vezes a partada do conhecimento bíblico.

Nestes dois volumes de grande erudição acadêmica, é possível abrir novos horizontes em relação a compreensão a religião israelita dos primeiros seculos de sua história.

Religião e Espiritualidade