Augusto Roa Bastos (13 de junho de 1917, Asunción - 26 de abril de 2005, id.). Escritor, jornalista, dramaturgo, poeta e roteirista paraguaio, conhecido nas áreas do ensaio, do guionismos e do romance. São-lhes concedidas diversos reconhecimentos públicos pelo mérito, originalidade e qualidade da sua obra, entre os quais o "Concours International de Romans Losada" (1959), o "Prix du Memorial de America Latina" (1988) e é distinguido com o Prêmio Miguel de Cervantes em 1989. Está traduzido em cerca de 25 línguas.
"Eu, O Supremo" (Yo el Supremo /1974) converteu-se numa das novelas emblemáticas sobre a figura do 'dictador perpetuo de la República de Paraguay', José Gaspar Rodríguez de Francia, «El Supremo», que governou o país com mão de ferro durante 25 anos desde o primeiro ano de sua independência, em 1811. Para o público, o retrato de Rodríguez de Francia era tacitamente o do ditador Alfredo Stroessner, e por isso o romance esteve proibido durante muitos anos no Paraguai.
Nascido em 1917 em Assunção, Roa Bastos passou a infância num engenho de açúcar de Iturbe, no Guairá, onde seu pai trabalhava. A mãe o iniciou nas letras através das leituras em castelhano da Bíblia e de William Shakespeare, e na arte da narração através de lendas indígenas contadas em guarani.
A Guerra do Chaco entre Paraguai e Bolívia (1932-35) --da qual participou como assistente de enfermaria-- foi uma das experiências que o marcariam para sempre, pela brutalidade das lutas.
Ao finalizar o conflito, ingressou no jornal "El País" de Assunção, do qual chegou a ser chefe de redação e correspondente em Londres depois da Segunda Guerra Mundial.
A seqüência de golpes e ditaduras que viveu seu país o obrigaram, em 1947, a se exilar em Buenos Aires, onde trabalhou como empregado de uma seguradora. Outro golpe, o dos militares argentinos, obrigou-o, em 1976, a fazer novamente as malas para instalar-se em Toulouse (França), onde começou a ensinar literatura e guarani na Universidade Le Mirail.
Depois de uma breve viagem a seu país em 1982, a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989) privou-o da cidadania paraguaia. Por esse motivo não pôde regressar à sua terra até a queda do ditador.
Roa Bastos também se destacou como roteirista e autor em sua passagem pelo cinema na Argentina. Foi o roteirista do filme com Isabel Sarli "El Trueno entre las Hojas" e "Castigo al Traidor".
Sua crítica à opressão e à fidelidade ao ideal de um compromisso social nunca o levaram a optar por um partido político, exceto durante uma curta passagem pelo Partido Encontro Nacional (PEN, social-democrata) durante a transição política paraguaia pós-Stroessner.