Um dos sucessores mais bem-sucedidos da tradição de Gógol na literatura soviética, Mikhaíl Zôchenko continuam pouco conhecido dos leitores estrangeiros. Ele escreveu a maior parte de sua obra nos anos 1920 mostrando como os ideias da revolução foram substituídos por valores da pequena burguesia.
As histórias de Zôchenko são contos ou anedotas: curtos, em linguagem simples, frequentemente paradoxais e sempre muito engraçados. Mesmo assim, ele era um dos queridinhos da elite soviética, que via sua sátira de modo ideológico, como uma denúncia do “filistinismo” e dos “sinais de nascença do velho mundo”.
Stálin, porém, viu na ficção de Zôchenko não apenas “heróis positivos” oportunistas, mas também um Lênin que assumiu as características de uma marionete de divertimento. Stálin sinalizou uma quebra e, em 1946, Zôchenko foi tachado como patrocinador vulgar e asqueroso de ideias não progressistas e apolíticas.
Junto à poeta Anna Akhmátova, Zôchenko foi expulso, por decreto especial, da União dos Escritores e privado de seu cartão de alimentação de trabalhador. Editores, jornais e teatros começaram a cancelar contratos com ele e exigir que quaisquer adiantamentos fossem devolvidos.