“Espírito Perdido” nasceu de um período tumultuado na vida do autor: o retorno abrupto a seu país de origem após anos vivendo bem adaptado a outra cultura. O choque cultural reverso ao trocar a vida estabelecida nos EUA por um recomeço repentino no Brasil trouxe à tona a sensação de não se sentir mais parte do lugar onde nasceu, além de diversos questionamentos sobre seus sonhos e objetivos.
Após longas conversas com a amiga dos tempos de faculdade, P. J. se rendeu ao exercício de transferir seus anseios para a página em branco; para a mente de outra pessoa. Nascia assim a protagonista, Keana, uma jovem de origem incerta, determinada a descobrir do que é capaz e a buscar seu lugar no mundo.
“O pano de fundo da história foi se revelando aos poucos. Além de questões existenciais, que acabaram originando os personagens, dúvidas que trazia comigo sobre a origem do universo e sobre os primeiros passos da humanidade começaram a se revelar em paralelo. Quando me dei conta, as questões de Keana e seus amigos estavam atreladas a mistérios da científicos que cercam os primórdios da raça humana: tudo regado à muita fantasia, é claro. A cada cena escrita, o mundo ganhava corpo e os personagens também. Foi impossível parar de escrever.”
A primeira versão do livro, chamada à época “As Anacrônicas de Keana Milfort”, tinha cerca de 800 páginas, quase o dobro de Espírito Perdido. “Foi muito importante escrever em grande escala para que o reino de Divagar ganhasse mais densidade e que as regras do jogo e os conflitos políticos deste novo mundo ficassem claros tanto para mim quanto para os personagens. As tramas que não chegaram à edição final do primeiro livro poderão ser vistas no próximo… ou próximos”.